Projeto
Consciência Negra:
Da África Mãe ao
Brasil - um reconhecer de sua importância para a sociedade brasileira
1. INTRODUÇÃO
A
presente proposta será desenvolvida junto a
estudantes de 8º e 9ºs anos de uma escola da rede pública estadual, parceira do
PIBID; versará sobre a história nacional do africano e do afro-descendente,
considerando que o papel desse povo foi fundamental para a construção da
sociedade brasileira. Pretendemos apresentar as relações humanas travadas entre
os africanos e os europeus num tempo passado para refletir o tempo presente,
buscando compreender as transformações ocorridas em nossa sociedade desde o
período colonial; perceber o lugar do africano no passado colonial; reconhecer
os africanos e os seus descendentes na evolução da história brasileira. A metodologia do
trabalho será a exposição do tema em aulas dialogadas e acompanhadas de
discussões apoiadas em material didático, objetivando um desdobramento
problematizado, crítico e reflexivo, diferente de abordagens ‘conservadoras’ e
‘oficiais’, conduzidas a partir da ótica do
colonizador e ou dos “grandes nomes”; desse pensar pretendemos trazer outra
perspectiva, ou seja, a visão do colonizado. Uma história vista de baixo.
O interesse pela temática surgiu a partir da intervenção pedagógica proposta
pelo subprojeto PIBID do curso de ciências da religião da Universidade Estadual
de Montes Claros/UNIMONTES nas aulas de ensino religioso da escola que fez
parceria com o programa. A partir do PIBID, foi possível mergulhar no universo
escolar do ensino fundamental, principalmente nas aulas de ensino religioso em
que foi possível perceber um interesse dos alunos a respeito das religiões
afro-brasileiras.
O ensino religioso é uma disciplina que trabalha o fenômeno religioso e
as diversas tradições religiosas do mundo em fundamento científico e não
catequético, com autonomia didática e teórica própria, pois:
o
ER, como as demais áreas do conhecimento, necessita de um tratamento
didático-pedagógico adequado, a fim de organizar os conteúdos e trabalhá-los na
perspectiva de construção de conhecimentos. Trata-se do fazer pedagógico em
nível de análise e conhecimento na pluralidade cultural da sala de aula,
salvaguardando, assim, a liberdade de expressão religiosa do educando.
(FONAPER, PCNER, 1997, p. 38).
É importante termos em claro que o docente do ensino religioso ou
educação religiosa deve ter uma formação adequada na Academia com o curso
ciências da religião, área de conhecimento com episteme (fundamento científico)
própria; estuda o fenômeno religioso humano em suas várias formas numa
perspectiva multidisciplinar e respeitando a diversidade religiosa.
Partindo desse entendimento, o ensino religioso busca colaborar com uma
formação ética e cidadã, porque respeitosa da diversidade cultural e religiosa
dos seres humanos (considerando a alteridade). Tendo consciência do nosso papel
como futuros educadores de ensino religioso, que requer essa postura que acate
e respeite o direito digno dos seres humanos viverem e expressarem suas
religiões deve-se considerar os entrelaces que encontros cultural-religiosos
promovem; também compreendemos que não é possível realizar intervenções em sala
de aula a respeito das religiões/religiosidades do Brasil sem um fundamento na
historia e cultura dos afro-descendentes. Sem voltar o olhar para o começo do
País e os povos da origem.
Nesse sentido vale lembrar que a historia do negro no Brasil foi por
muito tempo contada a partir da ótica do colonizador, que o tratava como uma
coisa, um ser inferior, sem alma, sem
deus, sem identidade e não participativo da história. Mas, para além da
narrativa oficial, o africano que foi trazido para o país, chegou com sua carga
de saberes, cultura, religião e sua narrativa, que foi acolhida pela história
oral, a antropologia, entre outras. Nesse caso, há pouco tempo o lugar do negro
africano foi reconhecido na historia do Brasil; no dia 09 de janeiro de 2003,
foi estabelecida a lei de número 10.639, que estabelece
a data de 20 de novembro para reconhecer e comemorar em todo o território
nacional o Dia da Consciência Negra.
Este dia é a data de falecimento de um grande herói nacional, Zumbi de
Palmares, que foi um grande líder do Quilombo dos Palmares.
No Brasil colônia a
escravidão era parte do cenário brasileiro. Muitos negros foram trazidos na
primeira metade do século XVI, para ser mão-de-obra escrava em muita parte do
país. Vindos de diferentes países africanos, como Congo, Gana, Senegal, entre
outros, diretamente para lavouras, minas de ouros, e demais serviços braçais da
época. Além de serem obrigados a trabalhar duramente para o colonizador, eram
obrigados a deixar de lado sua religiosidade, língua e cultura, para tomar como sua as verdades do colonizador
europeu e cristão.
Em meio aos sofrimentos
e às imposições, o negro africano consegue se sobressair em inúmeras fugas ou
fingindo abandonar sua religiosidade. Quando não eram recapturados eles seguiam
direto para um lugar chamado de Quilombo de Palmares. Este ficava localizado em
uma região da serra da Barriga, que atualmente faz parte do município de União
dos Palmares (no estado de Alagoas).
Na época em que Zumbi
era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente
trinta mil habitantes. Embora tenha nascido livre, Zumbi foi capturado quando
tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o
batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião
católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos
de idade, voltou para viver no quilombo. Nos quilombos, os negros viviam livres
de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.
No ano de 1675, o
Quilombo de Palmares é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa
e destaca-se como um grande guerreiro. Após uma batalha sangrenta, os soldados
portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após,
o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para
tentar um acordo; Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade
dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.
Em 1680, com 25 anos de
idade, Zumbi torna-se líder do Quilombo dos Palmares, comandando a resistência
contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se
fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder
Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além
de coragem e conhecimentos militares.
O bandeirante Domingos
Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao quilombo de Zumbi.
Após uma intensa batalha, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido,
Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as
tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de
1695.
Zumbi é considerado um
dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a
escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e prática da cultura
africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e
comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra,
portanto um dia emblemático para todos os afro-descedentes ou afro- brasileiros
que tem consciência de suas raízes cultural- religiosas.
2.
JUSTIFICATIVA
O Brasil é um país rico
em diversidade religiosa e religiosidade, fruto de encontros interétinicos
entre povos europeu, africanos e ameríndios. A disciplina Ensino Religioso
compondo o conjunto de disciplinas que tratam das várias dimensões da vida dos
sujeitos envolvidos no processo educacional, aborda o fenômeno religioso em sua
diversidade, considerando a alteridade e buscando despertar nos educandos uma
consciência de respeito pelo livre direito que cada um tem para exercer a sua
religiosidade, em uma perspectiva ética e cidadã.
Nesse sentido, ao
propormos este projeto buscamos mostrar que religião/religiosidades é um
aspecto da vida tão plural quanto o é o mundo e tão essencial para entendermos
melhor nosso estar no mundo, quanto o é a matemática ou a biologia. Pensamos
também em colaborar com uma abertura de olhos para a frondosa religiosidade
brasileira em suas variadas nuances.
3. OBJETIVOS
3.1.- Objetivo Geral
Conscientizar os estudantes da
escola parceira para a história nacional do afro-descendente, considerando que
seu papel foi fundamental para a construção de nossa sociedade e nossa
diversidade e religiosidade.
3.2
- Objetivos Específicos
Ø Propiciar aos estudantes um breve histórico do afro
no contexto brasileiro;
Ø revelar o lugar social do africano no passado
colonial e no presente do país como traços laico e livre;
Ø compreender o porquê e a importância da comemoração
do Dia da Consciência Negra;
Ø compreender os elementos culturais e religiosos
afro-brasileiros para a cultura geral brasileira.
4 – HIPÓTESE
Partimos da hipótese que pode ser
que os estudantes do ensino fundamental, (8º e 9º anos) da escola parceira não
conheçam a historia do Brasil em suas várias faces, principalmente da história
e religiosidade dos africanos que foram trazidos para o Brasil. Nesse caso, nos
parece que os estudantes também podem não ter um conhecimento mais largo acerca
do sincretismo religioso promovido por estes povos e do legado religioso
deixado no País.
5 – METODOLOGIA
Utilizaremos como metodologia aulas
dialogadas com textos reflexivos, que possam despertar concepções criticas
acerca da consciência negra que pouco é conhecida fora da data comemorativa em
homenagem a um Herói chamado Zumbi de Palmares.
SÉRIES:
8º e 9º ano do ensino fundamental
Disciplina:
Ensino
Religioso
6.
DESENVOLVIMENTO
1º
Etapa 01 Aula de 50
minutos.
Ø Apresentação
e justificativa do projeto em sala de aula;
Ø Resgate
do histórico da escravidão no Brasil;
Ø Historia
de Zumbi de Palmares.
Primeiro
Momento: apresentar aos discentes da escola parceira a
proposta do projeto “Consciência Negra: da África Mãe ao Brasil, um reconhecer
de sua importância para a sociedade Brasileira”, em sala.
Segundo
Momento: Iniciar a aula trazendo por meio de recurso visual
(data - show) um resgate histórico e geográfico da escravidão africana no
Brasil de forma reflexiva juntos aos discentes sobre o tópico. Ainda, abordar
sobre religiosidade; culinária; música e dança. Também é nosso objetivo
levá-los a perceber o reconhecimento do negro no desenvolvimento da sociedade
brasileira. Porém, isso se dará no decorrer do processo.
2º
Etapa 02
Aulas de 50 Minutos.
Tópico:
Candomblé
Ø Como
e onde nasceu;
Ø Textos
sagrados;
Ø Pessoas
sagradas;
Ø Símbolos
sagrados;
Ø Ritos/festas;
(conceito)
Ø Quem
são seus adeptos.
Primeiro
Momento: os acadêmicos direcionaram os alunos para a sala de
vídeo para exposição do tema como auxilio do data - show.
Segundo
Momento: após a exposição da temática os acadêmicos darão
inicio a segunda etapa da aula, assim será distribuída folhas A4 para que os
estudantes façam desenhos, frases, poemas, colagens artísticas, releituras de
pinturas ou desenhos, sobre a temática. Ao término os trabalhos serão
recolhidos para elaboração de um varal didático de todas as atividades.
3º
Etapa 01
Aula de 50 Minutos.
Tópico:
UMBANDA
Ø Como
e onde nasce;
Ø Textos
sagrados;
Ø Pessoas
sagradas;
Ø Símbolos
sagrados;
Ø Ritos/festas;
Ø Quem
são seus adeptos.
Primeiro
Momento: os acadêmicos direcionaram os alunos para a sala de
vídeo, para exposição do tema como auxilio do data - show.
Segundo
Momento: após a exposição da temática os acadêmicos darão
inicio a segunda etapa da aula, em que os estudantes deverão produzir um texto
com direcionamentos sobre o tema para termos concepção da construção de
conhecimento s sobre o tema trabalhado. Propomos
apresentação oral coletiva das produções.
4º
Etapa 01 Aula de 50 Minutos.
Ø Culminância
com evento para escola toda;
Ø Apresentação
oral do tema para todos pela professora e pelos alunos;
Ø exposição
de todos os trabalhos confeccionados sobre o tema, no decorrer das aulas,
incluindo as produções escritas;
Ø apresentação
da Orquestra Montesclarense de Maracatu.
OS AUTORES:
ISIDÓRIO, Maria
Socorro*
SANTOS, Imaculada
Cardoso dos**
FERNANDES, Fernanda
Raissa Souza***
*Doutoranda em Ciências
da Religião pela PUC-SP; mestre em Ciências da Religião pela mesma instituição
(2010). Professora do Departamento de filosofia no curso de ciências da
religião da Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES. Coordenadora do
subprojeto “Ensino religioso e Diversidade Religiosa” do PIBID ciências da
religião (CRE) _ UNIMONTES. E - mail: socorroisis@yahoo.com.br.
**Acadêmica do curso de
Ciências da Religião (CRE) da Universidade Estadual de Montes Claros_ UNIMONTES
e bolsistas do PIBID CRE. E-mail: sfernandaraissa@yahoo.com
***Acadêmica do curso
de Ciências da Religião (CRE) da Universidade Estadual de Montes Claros_
UNIMONTES e bolsistas do PIBID CRE. E-mail: imaculada.cardososantos@gmail.com.
SUGESTÃO BIBLIOGRÁFICA
SILVA,
Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda:
caminhos da devoção brasileira. Ilustração Olavo Cavalcanti. 2 ed. São
Paulo: selo negro. 2005.
VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás- deuses iorubas na África e no novo mundo. Tradução Maria Aparecida Nobrega. 6. ed. Salvador: Corrupio. 2002.
VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás- deuses iorubas na África e no novo mundo. Tradução Maria Aparecida Nobrega. 6. ed. Salvador: Corrupio. 2002.
Sites:
AUTORAS: acadêmicas Imaculada Conceição Cardoso Santos e Fernanda Raissa
Souza Fernandes ;
SUPERVISORA: profª. Socorro Isidório