Data de publicação: 06/05/2013
Editorial
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Nossos mitos nos definem
O
mito não é, como se pensa, uma crença ingênua sem fundamento. É a
primícia literária perene que vem dos primórdios da linguagem simbólica e
é sempre reavivado e atualizado pela arte da expressão humana. As
narrativas míticas de todos os tempos, traduzem intuições e experiências
sobre aquilo que supera a razão lógica. Cada povo, em cada época e
lugar, tem seus mitos escritos ou gravados nos corações daqueles que,
deixando a terra natal, os levam consigo para onde vão.
O povo brasileiro é o resultado biológico e cultural de matrizes étnicas que se entrecruzaram por muitos caminhos, vindas de todas as direções da terra. Aqui chegadas, por aventura própria, pelo infortúnio da escravidão e do degredo ou movidas pela esperança de vida melhor, as pessoas anônimas povoaram os sertões do País. Gente sábia e simples viveu e sobreviveu neste imenso território, aurindo forças, tão somente de suas crenças e valores mais profundos e só tardiamente foi reconhecida como povo brasileiro. Os diferentes mitos, narrativas orais, crenças e expressões estéticas e rituais guardados nos corações como o único bem destes pobres formaram a herança simbólica dada aos filhos no silêncio de vidas muitas vezes ignoradas e até desprezadas pela cultura civilizatória. O Brasil cultural poderia ser representado pela linguagem mítica, como um lago profundo onde vivem milhares de cardumes que brilham de cores, harmonias, ritmos e movimentos. Deste Brasil profundo, até pouco tempo deixado à margem da sociedade erudita, emergem práticas, saberes, mitos e crenças tipicamente nacionais, como coeficiente de 500 anos de encontros e reelaborações simbólicas. Com nuances que vão do lúdico ao aterrorizante e elementos de crítica social, resistência, utopia e identidade, os mitos do povo brasileiro, alimentam a brasilidade construtora de cidadania para todos e pertencem ao patrimônio cultural da humanidade.
Maria Inês Carniato – diretora de redação
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8. Histórico | |
Cultura e identidade nacional |
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Os primeiros séculos da história do Brasil aprofundaram o contraste
entre as cidades antigas do litoral, locais de cultura e sociedade, e os
sertões onde os núcleos produtivos eram isolados e autônomos. No fim do
século 19 surgiu a ideia de povo brasileiro e de identidade nacional,
sendo as populações pobres do interior e das periferias dos centros
urbanos, esquecidas até a metade do século 20. Ações de resgate da
cultura popular multiplicam-se no presente, como o Programa Cultura
Viva, do Ministério da Cultura.
Roseane do Socorro Gomes Barbosa
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14. Antropológico | |
O imaginário do sagrado e do profano |
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A ideia do sagrado vem dos primórdios da consciência humana, quando os
antepassados, fascinados pela natureza e pelos fenômenos do firmamento,
imaginaram a existência do transcendente e passaram a criar narrativas,
símbolos e ritos que lhes permitissem compreender e alcançar o mistério
que está além do cotidiano material conhecido, o profano.
Maria Socorro Isidório * |
20. Sociológico | |
Os sentidos da festa |
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A festa popular religiosa em sua força de comunicação simbólica e
ideológica é objeto da atual pesquisa Histórica Cultural, que a
compreende como dinâmica de sociabilidade e cruzamento de manifestações
populares e eruditas, na construção da identidade dos agrupamentos
humanos e sociais. No Brasil, o caráter subversivo e transformador da
festa é enriquecido pelo hibridismo e a multiplicidades de
representações que ela encerra.
Claudefranklin Monteiro Santos |
26. Étnico | |
O que pensamos dos ciganos |
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Uma das etnias mais desconhecidas e cercadas de falsas interpretações
no Brasil é o povo cigano. Esteriótipos como sequestro de crianças e
outros, pesam secularmente sobre estas famílias que desde o começo da
colonização peregrinam pelo território nacional, conservando seus
valores, crenças e costumes milenares, com poucos direitos e muitos
obstáculos injustos.
Nicolas Ramanush
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32. Cultural | |
Medos e sombras, do candeeiro ao ciberespaço |
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Casos de horror e locais povoados por espectros assombram o imaginário
brasileiro popular desde o tempo em que a fraca luz do candeeiro deixava
cantos sombrios nas casas e só a lua cheia clareava ruas e estradas nas
cidades e campos. Mas, não haverá um elemento transformador nos relatos
de assombração originados da violência e da injustiça dos fortes contra
os fracos?
Maria Natividade Pereira
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38. Político | |
Patrimônios sagrados do povo |
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Os artesanatos, ritos, danças, cantigas, culinária, crenças, saberes orais, costumes e valores éticos dos povos, antes relegados a espaços paralelos ao da cultura civilizatória, atualmente são valorizados e evidenciados por programas internacionais de preservação e incentivo da Unesco que os considera Patrimônio Cultural Imaterial. Graças e estas iniciativas, algumas expressões da arte popular brasileira galgaram o pódio de primícias da cultura humana. |
Seções pedagógicas
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42. Entrevista | |
Competência que traz reconhecimento |
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Jogos
educativos confeccionados pelos estudantes com materiais recicláveis
tornaram-se excelentes recursos para o exercício de compreender e
memorizar conteúdos de um ano inteiro de Ensino Religioso. Quem fala
sobre a bem-sucedida experiência é Brígida Karina Liechocki. Nunes da
Silva, professora de Ensino Fundamental no Paraná.
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46. Você sabia | |
A legenda do santo guerreiro |
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O
legendário São Jorge invocado no Brasil, foi um personagem histórico da
Ásia, cuja memória, preservada no imaginário popular em forma de
narrativa mítica, ultrapassou nações, continentes e mares, instalou-se
em nosso país por obra dos colonizadores portugueses e conquistou a
veneração de todo o território nas asas do sincretismo
religioso.
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52. Sua página | |
A ciranda do saber sagrado |
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A
professora Silvana Maria de Lara conta como levou os estudantes do 2º.
Ano da Escola Municipal Irmã Dulce, de São José dos Pinhais (PR) a uma
visita no Templo Budista Nishi Hongwanji, em Curitiba (PR). A atividade
complementou o estudo dos lugares sagrados, feito na sala de aula e as
crianças se envolveram totalmente no conhecimento das diferenças
religiosas.
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55. Dicas | |
Indicação de leituras | |
As obras paradidáticas indicadas na página recuperam a potencialidade do imaginário e a eficácia de gêneros literários seculares e podem ser adaptadas a qualquer idade porque despertam sentimentos e geram reflexão sobre os valores mais essenciais da vida. |
56. Destaque |
Ano Internacional da Cooperação pela Água |
59. Dialogando | |
Como mobilizar os sistemas públicos do ensino? |
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A
pergunta desta edição é: Como mobilizar os sistemas públicos de ensino
em prol da implantação do concurso para profissionais habilitados em
Ensino Religioso? Quem responde é o professor Rodrigo Oliveira dos
Santos, membro da Associação dos Cientistas da Religião do Pará
(Acrepa). A entidade conquistou o direito ao concurso, lutando junto aos
órgãos públicos competentes.
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60. Aprendendo e ensinando |
Parceria inesquecível |
Sob
a inspiração da Década do Afrodescendente (2013-2022), os estudantes da
Escola Estadual Eloy Pereira pesquisaram a cultura e a religião de
matriz africana e apresentaram em forma de arte, sob orientação de
professoras que fazem parte do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência de Ciências da Religião, da Universidade de Montes
Claros (MG). A seção traz o eficiente planejamento deste projeto
socializado pelas autoras.
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64. Em pauta |
O Bembé do Mercado |
Há
124 anos, ocorre no dia 13 de maio a festa dos tambores do candomblé,
na Praça do Mercado de Santo Amaro da Purificação (BA). A cultura e a
religião da população negra na região sempre se firmaram como
resistência e cidadania no Recôncavo Baiano e mais ainda, em 2013,
quando o Bembé do Mercado festeja sua elevação ao patamar de Bem
Cultural Imaterial da Bahia.
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66. Resenha | |
Caminhos para o encontro dialogal |
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No
livro Buscadores do diálogo - Itinerários inter-religiosos, o professor
Faustino Teixeira – da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG),
apresenta a trajetória de vida de intelectuais de renome internacional
que estudando as grandes tradições religiosas uniram conhecimento
científico, mística e ética de vida e assim fortaleceram o legado comum
do diálogo inter-religioso.
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Fonte: Diálogo
Inserido por: Diálogo
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Sumário - Edição 69
O Estado brasileiro criou políticas públicas que procuram diminuir a dívida de justiça histórica para com o povo negro, que constitui metade da população do país.
O Estado brasileiro criou políticas públicas que procuram diminuir a dívida de justiça histórica para com o povo negro, que constitui metade da população do país.
Sumário
Os processos educacionais precisam oferecer ao adolescente os diversos elementos que os ajude a construir a sua identidade pessoal e religiosa.
Os processos educacionais precisam oferecer ao adolescente os diversos elementos que os ajude a construir a sua identidade pessoal e religiosa.